Mentira / Engano / Roubo
O problema: criança mente, exagera, não se pode confiar na sua palavra, já teve episódios de ficar com o que não é seu.
Enfrentar o problema: o objectivo é que a criança aprenda que a honestidade é a melhor política, desenvolva consciência saudável, admita o seu erro, e aprenda o benefício de se relacionar com os outros na base da verdade.
Porquê mudar: todas as crianças, desde a infância à adolescência, “esticam a verdade” pelas mais variadas razões: evitar castigos, ficarem com boa imagem, livrar-se de uma tarefa, ajudar um amigo em apuros, etc. Este comportamento começa por volta dos 2 ou 3 anos. A mentira faz parte do crescimento, mas se a desonestidade vai ou não fazer parte do seu carácter, é algo que depende largamente da forma como nós reagimos a esse comportamento. Mais importante, depende da nossa relação com verdade, pois as crianças modelam o nosso comportamento.
Sinais e sintomas: falta de confiança dos colegas e de outros adultos; má reputação; hábitos de plágio do trabalho dos outros ou copiar na escola; mentiras frequentes; mentir sem razão ou motivação aparente; não aparenta culpa quando mente, rouba ou engana.
PASSO 1: COMPREENDER E CONSCIENCIALIZAR:
Preste atenção: A criança pode estar a mentir porque quer:
- Agradar-lhe, ganhar a sua aprovação, não o desiludir, retirar-lhe preocupações.
- Satisfazer um desejo que ela quer que se torne realidade.
- Evitar a frustração, punição, assumir responsabilidades.
- Resolver um problema; obter atenção.
- Ganhar protagonismo, impressionar os outros, aparentar competência.
- Ultrapassar a baixa de auto-estima.
- Proteger um amigo ou irmão.
Compreender as razões: Preste mais atenção ao comportamento da criança: há alguma razão que justifique o comportamento? Copia os trabalho a matemática porque é preguiçoso ou porque não percebe a matéria? Põe a roupa suja nas gavetas porque tem falta de noções de
higiene ou porque não consegue arrumar o quarto no tempo que você estabeleceu?
Esperar honestidade: pais que educam para a honestidade esperam que as crianças sejam honestas e devem dizê-lo abertamente: “as pessoas da nossa família dizem a verdade”, “prefiro que me digas a verdade, mesmo que seja difícil, e eu prometo compreender-te”, “zango-me menos se me disseres a verdade”.
Facilite a aproximação: uma postura muito rígida vai dificultar a aproximação. Facilite. Dê abertura para que a criança se sinta capaz de confessar um erro.
Modele a honestidade: Num estudo, 77% dos pais admitiram que mentiam aos filhos ou em frente aos filhos. A melhor forma das crianças aprenderem novos hábitos é pela modelação. Tradução: as nossas crianças estão a aprender a mentir porque nos estão a imitar. Já contou
uma história “ao lado” com os filhos a assistir? Já guardou um troco que lhe foi dado indevidamente? Já pediu ao seu filho para dizer que não está, quando alguém telefona? Já mentiu sobre a idade do seu filho para não pagar bilhete? Cuidado, ele está a ver!
PASSO 2: RESPOSTAS À MENTIRA
Embora não seja possível acabar com a mentira do dia para a noite, aqui ficam algumas sugestões sobre como actuar.
Não se exalte: tente manter a calma. A exaltação fará cm que ele não venha ter consigo na próxima vez que errar. A maior razão para as crianças mentirem é medo da reacção dos pais. Respire fundo durante um minuto. Avalie o castigo adequado a aplicar a esta situação – decisão baseada na idade e capacidade de compreensão da criança, premeditação, gravidade, duração, assumpção de culpa, etc.
Não armadilhe: faça uma abordagem não ameaçadora. Em vez de “Partiste o prato”, tente “aconteceu um acidente? Deixa-me ajudar a limpar. O que aconteceu?”
Não chame nomes: Chamar “mentiroso” ou “ladrão” é ofensivo e desadequado. A criança tem tendência de se confundir com o comportamento – em vez de pensar que errou naquela situação, pode achar que é assim, não há nada a fazer.
Seja claro e conciso: “O treinador disse que não foste ao treino. O que aconteceu?”, “ a cama não estava feita como eu te pedi”, “Não me contaste
tudo o que aconteceu na festa, preciso que sejas honesto comigo”
Estabeleça consequências: as consequências devem estar relacionadas os comportamentos errados. Se copiou pelo colega, deve repetir o trabalho sozinho. Se roubou um objecto, deve pagar um objecto idêntico novo a quem roubou. Se estragou um telemóvel do amigo, deve oferecer o seu. Se estragou o seu, deve ficar sem nenhum até que fosse altura de comprar um novo.
Desejos e realidades: converse com ele sobre a diferença entre desejar algo e ter. Resistir à frustração é uma parte essencial do crescimento e uma das melhores contribuições que poderá fazer para o crescimento saudável. Nem tudo o que queremos podemos ter.
PASSO 3: HÁBITOS DE MUDANÇA
Ensine a honestidade: mostre as várias situações em que era mais fácil ser desonesto, mas optou pelo caminho mais longo, mas correcto. Conte histórias de livros que abordem a honestidade. Mostre que todos erramos, mas não é o erro que nos define – é a forma como o corrigimos.
Explique as repercussões: ser desonesto está errado porque: vai arranjar-lhe problemas; dá má reputação ao próprio mas também à família, pois as pessoas pensam que ão deram a educação certa ; magoa os outros; envergonha-nos; perdemos a confiança dos outros colegas e adultos; pode ser fonte de problemas muito sérios e irreversíveis (se copia na escola pode ter notas anuladas e chumbar de ano).
O QUE ESPERAR, CONSOANTE AS IDADES:
Pré-escolar: cerca dos 3 anos os acrianças mentem para evitar as consequências. Têm imaginação forte e às vezes é difícil separar ficção de realidade. As mentiras tornam-se mais sofisticadas com a idade, de forma a “esticar” a verdade a seu favor.
Idade escolar: nesta idade as crianças já sabem que mentir não é aceitável, mas testam as barreiras para perceber até onde conseguem ir
sem ser apanhados. As mentiras são mais deliberadas e inteligentes e são usadas como forma de resolver problemas. Mentem para evitar castigos, impressionar os outros, para obter alguma coisa, aumentar a auto-estimar ou impressionar os outros. Se até aos 7 anos a criança não aprende que mentir lhe traz problemas sérios, a mentira torna-se um hábito o resto da juventude.
Adolescência: os adolescentes sabem que mentir é enganar e que há consequências, por isso nesta idade a mentira torna-se mais significativa. As mentiras são mais convincentes e é mais difícil admitir mesmo quando é apanhada. Podem mentir para evitar discussões com os pais, para proteger um amigo, ou se sentirem que a sua privacidade está a ser invadida. É particularmente importante ter atenção para que a mentira não se torne um hábito.